Já?!?!
Sim... regentes e coralistas estão acostumados com a rotina anual do Natal precoce. Setembro/outubro é a hora de começar a preparar (ou relembrar) o repertório natalino, porque parece que só nesta época do ano todo mundo lembra que os corais existem. (Ou talvez nos vejam como papais noéis musicais – figuras lendárias que passam 11 meses ensaiando na Lapônia e chegam de trenó puxado a renas para encantar os corações de toda a gente...)
Aliás, esse Ibope Natalino acaba sendo uma questão complicada para os corais. Para atender a demanda, o ideal seria preparar umas 10 canções típicas, no mínimo. Os pedidos se multiplicam: coral que se preze não pode deixar de cantar Adeste Fideles, Boas Festas, Glória, Cristo Nasceu, Jesus Alegria dos Homens e, claro, a campeã de audiência: Noite Feliz! Isso sem falar no Aleluia de Haendel, se houver cacife pra tanto...
Só que não é da noite para o dia que se ensaiam todas essas músicas. Se são novas para o coro, é preciso tempo para aprendê-las. E se já são conhecidas, também é preciso tempo para relembrá-las. Afinal, elas passaram o ano todo exiladas na Lapônia da mente, não é mesmo?... Sempre reaparecem aqueles errinhos que vieram se acumulando ao longo dos anos. Novos coralistas podem ter entrado para o coral durante o ano e agora precisam pegar o bonde andando e aprender tudo rapidinho.
Enfim, se o Coral se dispõe a participar da roda-viva das Festas, tem que investir uma boa parte dos ensaios do segundo semestre e deixar de lado o repertório comum até o ano seguinte.
Uma das peças mais conhecidas é “Alegria de Natal”, popularmente chamada de “Pinheirinho”. (“Pinheirinhos, que alegria! Tra-la-la-la-la, La-la-la-la”) Quem nunca ouviu? Qual Coral nunca cantou?
Na partitura que tenho, há indicações de dinâmica (graduação de intensidade dos sons) bastante contrastantes. Canta-se “Pinheirinhos, que alegria!” numa intensidade média (mezzo forte) e o “Tra-la-la-la-la, La-la-la-la” em intensidade bem mais suave (pianíssimo). No meio da peça, pede-se que a intensidade vá crescendo e a peça termina forte.
Só que, entra ano, sai ano, à primeira retomada da canção, já quase ninguém se lembra dessas indicações. E lá vem aquela música cantada sem graduação, a plenos pulmões, na alegria do Natal que está chegando!!!
Mas pode ser apenas uma questão de domínio sobre a produção vocal, de conhecer melhor os próprios recursos e possibilidades. Uma técnica simples de ensaio pode ajudar:
1 – Primeira etapa: o grupo canta a canção do começo ao fim com a mesma intensidade, só para aprender a melodia ou relembrar.
2 – Segunda etapa: divide-se a canção em 4 partes e pede-se que o grupo cante cada parte com uma intensidade diferente, crescendo do suave para o forte (Ex.: pp -> p -> mf -> f)
3 – Terceira etapa: o grupo canta novamente, mas invertendo a dinâmica (do forte para o suave)
4 – Quarta etapa: canta-se a canção com a dinâmica indicada na partitura.O objetivo é fazer com que o coral
- perceba nitidamente as variações possíveis na dinâmica,- mantenha o foco no que está cantando,
- adquira controle de execução dessas variações.
Assim os coralistas aprendem a produzir conscientemente cada intensidade específica, podendo responder às exigências da partitura e à regência.

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